Wing Shu Chuan
KWAN YU
關羽
“A divindade do Kung fu”
Embora nas academias Kwan Yu seja conhecido pelo nome de Kwan Kung (關公), é bom esclarecer que o ideograma “kung”, nesse caso, se refere a titularidade, como “senhor” ou “lorde”. Compreendido por muitos como o santo das artes marciais, da literatura, e do comercio, a sua imagem é presente em altares nas escolas, estabelecimentos comerciais e residências, sendo que, em Hong Kong e Macau, esses altares figuram até em delegacias de policia, reafirmando assim, os sentimentos de coragem, justiça e lealdade.
No período dos estados combatentes (三國志), Kwan Yu aliou-se a dois outros guerreiros, Liu Pei (劉備) e Zhang Fei (張飛), que como ele, ansiavam pela restauração da dinastia Han (漢朝= 206-220). Eles juraram irmandade eterna, e se propuseram a dar a vida pelo renascimento do império Han. Liu Pei era o irmão mais velho, Kwan Yu o segundo (por isso, é também chamado de Kwan er ye (關二爺= Kwan, segundo irmão), enquanto Zhang Fei era o caçula.
Foram muitas batalhas e muitas vitórias e conquistas, até que, no ano de 219, as suas tropas foram dizimadas, e ele, junto com seu filho Kwan Ping e um subordinado chamado Zhao Lei foram cercados e sitiados pelas forças de Wu. Diante da recusa de render-se, ele foi preso e teve a sua cabeça decapitada e enviada a Tsau Tsau (曹操).
No romance dos três reinos (三國演義), são muitos os feitos atribuídos a esse destemido general. Entre eles o que o seu poder em batalha se equivalia a dez mil homens, e que seu cavalo negro, o “crina vermelha”, corria mil léguas em um dia. Também, a famosa cirurgia executada por Hua Tuo (華佗), onde um ferimento proveniente de uma flechada durante uma batalha, exigiu que o medico fizesse uma cirurgia que envolvia alem do corte para tirar a ponta, a raspagem do osso para limpar os vestígios do veneno. Narra-se que, enquanto todo o procedimento cirúrgico era executado, Kwan Yu, sem esboçar nenhuma expressão de dor ou incomodo, alternava a sua atenção entre a leitura e as jogadas de wu wei chi (五圍棋).
A sua representação com a face vermelha, com certeza é atribuída ao Kuo chü (國劇=Opera tradicional chinesa), enquanto que a sua longa barba conferiu-lhe um outro nome: Mei jan kung (美髯公= Lorde da barba magnífica). As variações quanto ao seu tamanho e porte, se referem a sua coragem e bravura. A sua descrição no romance dos três reinos acontece numa passagem que diz o seguinte:
“Hsuan Te direcionou o seu olhar para o homem que tinha a altura de nove chi (2,80 mts), com uma barba longa e negra cobrindo o seu rosto da cor de um zao (espécie da frutas de vermelho bem escuro), com lábios vermelhos, olhos como o de uma fênix, e sobrancelhas que lembrava a seda. Ele tinha uma aura digna e aparência majestosa…”
No Kung Fu, a sua imagem se destaca pelo empunhar de sua arma, o Kwan tao (關刀), também chamada por chin long yan yué tao (青龍偃月刀). Nas associações tradicionais ela tem posição de destaque, sendo ensinada preferivelmente ao discípulo mais velho, que preencha os quesitos de coragem, justiça, e lealdade. Antes da transmissão ocorre a cerimônia do pai kwan tao (拜關刀), onde prestam-se respeito a Kwan Kung e a sua arma.
O seu altar nas academias é iluminado por uma pequena luz vermelha, e a sua frente é ofertado incensos, frutas e vinho. Com isso, acredita-se que a sua energia protetora emana no local e nos freqüentadores, propiciando proteção, coragem e sucesso.
